Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

pai João e mãe Sofia

pai João e mãe Sofia

Quando um projeto de ciências nos ensina mais qualquer coisa

O mais crescido fez, para um concurso da escola, um projeto de ciências megalómano que envolvia plantas, terra com minhocas, um garrafão, água e peixes. Sim, dois peixes de água fria. Vivinhos da silva.

O projeto foi para a escola. O projeto voltou da escola na sexta-feira.

Saímos do edifício, entramos no carro e acomodo o garrafão (plantas, minhocas, água e peixes) entre os pés do crescido, sentado mesmo ao meu lado. Faz força com os pés e com as pernas para isso não se virar com as curvas.

  

Dois minutos depois, travo numa descida e plofffff... Tudo despejado. Litros de água, pedrinhas de aquário e um dos peixes a arfar no tapete do carro. Travão de mão, saio do carro e dou a volta para chegar ao desastre.

O crescido, estático, mãos no ar, Ahhhhhhhhhh!!!!!!!!

Eu, aflita, a combater o nojo de pegar no peixe, o peixe a escorregar-me por entre os dedos e a estatelar-se de novo no chão do carro.

O crescido, estático, mãos no ar, Ahhhhhhhhhh!!!!!!!!

A voltar a pegar-lhe e a, literalmente, atirá-lo para dentro do garrafão. 1 cm de altura de água no garrafão e o outro peixe lá encolhido, num cantinho, a tentar respirar.

O crescido, estático, mãos no ar, Ahhhhhhhhhh!!!!!!!!

Dou voltas ao cérebro. Pensa, Sofia. Pensa, Sofia.

Tens água na mochila?   

Para a gritaria. Sim, tenho. Corro para a mala do carro. Não, afinal não tenho. Buáááááááááááá! Larga num pranto. Desistiu.

   

Berro-lhe, mesmo cá de dentro. Para de chorar, já!! É altura de pensar, não é de chorar! Para!  

Dou voltas ao cérebro. Pensa, Sofia. Pensa, Sofia.

Ao fundo reparo numa bomba de gasolina. Deixo o carro a trabalhar e a criança fora do carro, com metade do garrafão com terra e minhocas e plantas na mão.

Corri e salvei os peixes com água da mangueira da bomba de gasolina. Com a ajuda de um senhor.

            

Entrámos no carro. O miúdo branco, eu com o coração a mil. 

Lição de vida para o cachopo: em situação de crise, não se chora, não se desiste. Pensa-se e arranjam-se soluções.

       

E os peixes continuam vivos até hoje!