Nine in, nine out
Há nove meses atrás, de manhã cedo, dei uma volta na cama e senti-me a escorrer. Fiz um sorriso gigantesco, à medida da felicidade que me ia invadindo, e antes de saltar da cama, segredei ao pai João Prepara-te, João. É agora! O nosso bebé vinha a caminho!
Eu tinha sido "tocada" na manhã da sexta-feira anterior. Relembro que estava com uma lombalgia agonizante e muito, muito inchada, por isso era com um enorme alívio que recebia cada uma das contracções que começaram a chegar ainda na sexta pela hora do almoço. A médica tinha-me dito que se calhar ainda nos veríamos naquele dia...
As contracções fizeram-se sentir sexta e sábado, mas cada vez mais espaçadas, mais leves e no final de sábado já tinha perdido a esperança de que o parto estivesse para breve.
Mas o meu mini resolveu mesmo seguir os conselhos do pai e passar para este lado do mundo num dia catorze, tal como o irmão.
Tomei banho com uma calma fingida, acordámos e vestimos o filhote, demos-lhe o pequeno-almoço, pusemos as malas no carro e seguimos para casa dos meus pais, onde deixaríamos o filhote.
Ainda em casa as contracções começaram a surgir a cada 8 minutos, cada vez mais fortes, mas com tanto que fazer acabámos por só chegar ao hospital perto das 9.30h.
Éramos os únicos na sala de espera e não foi preciso muito para ser chamada. Fui observada, admitida e seguiram-se os preceitos normais até me ver deitada na cama da sala de partos.
A epidural veio logo a seguir e, a partir daí, era esperar. Uma espera que imaginávamos longa e que fomos ocupando com conversas, com projectos e expectativas, com memórias deliciosas do que já tínhamos vivido numa sala não muito longe dali. Sempre embalados pelo som calmante do batimento cardíaco do nosso mini-filhote.
Por volta das 13h decidimos que o pai João devia ir almoçar. O mini-filhote ainda ía demorar a chegar até nós e era melhor que o pai não ficasse em jejum.
Pois sim! Assim que o pai saiu comecei a sentir vontade de fazer força. Lá fui controlando como pude, tentando esticar a etapa ao máximo. O mini a querer sair e o pai longe de nós, sem telemóvel para ser avisado e voltar a voar.
Em pouco tempo, a vontade tornou-se incontrolável e chamei as enfermeiras. Estava na hora.
Às 14:08, do dia 14 de Dezembro de 2008, com a ajuda de uma enfermeira, o mini-filhote nasceu.
Mágico. Um turbilhão gigantesco de sentimentos infinitamente bons dentro de mim. Um bebé igual ao irmão, apenas com menos penugem. Os mesmos sentimentos, o mesmo cheiro a bebé acabado de nascer, a mesma intenção de gravar o momento na minha memória, a mesma sensação de alegria a romper o peito. O meu bebé! Perfeito.
O pai João voltou quando me estavam a coser. Que grande surpresa quando percebeu que o nosso bebé já estava cá fora. Pegou no mini e estivemos, pela primeira vez, a gozar o momento a três. Nós e o nosso bebé.
O recobro foi muito rápido e sem perder de vista o meu bebé pequenino. O que ele esfregou as mãos uma na outra, as vezes incontáveis que levou as mãos à boca.
Sentir o meu filho sair de dentro de mim foi sem dúvida inesquecível.
Mas se eu tiver de escolher o momento em que o senti realmente meu, o momento em que foi feita a nossa ligação para todo o sempre, com ele do lado de fora da minha barriga, foi a primeira vez que ele mamou. Ele deitado ao meu lado, eu a decorar-lhe as feições, a boca dele no meu mamilo e a primeira vez que sugou, como se nunca tivesse feito outra coisa na vida.
O mini-filhote está connosco há nove mais nove meses. Nove dentro e nove fora.
É impossível imaginar a nossa vida sem aquele sorriso e é difícil pensar como pudemos respirar sequer, sem ele perto de nós.
Rodrigo, amamos-te. Muito e sempre!
Felizes nove meses!