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pai João e mãe Sofia

pai João e mãe Sofia

Pobretes, mas alegretes

Quem é que, no seu perfeito juízo, aluga uma casa mínima para quatro pessoas e uma cadela viverem e ainda convida amigos dos filhos para lá dormirem?

     

Louquinhos, mas felizes.

     

    

     

 

Quando um projeto de ciências nos ensina mais qualquer coisa

O mais crescido fez, para um concurso da escola, um projeto de ciências megalómano que envolvia plantas, terra com minhocas, um garrafão, água e peixes. Sim, dois peixes de água fria. Vivinhos da silva.

O projeto foi para a escola. O projeto voltou da escola na sexta-feira.

Saímos do edifício, entramos no carro e acomodo o garrafão (plantas, minhocas, água e peixes) entre os pés do crescido, sentado mesmo ao meu lado. Faz força com os pés e com as pernas para isso não se virar com as curvas.

  

Dois minutos depois, travo numa descida e plofffff... Tudo despejado. Litros de água, pedrinhas de aquário e um dos peixes a arfar no tapete do carro. Travão de mão, saio do carro e dou a volta para chegar ao desastre.

O crescido, estático, mãos no ar, Ahhhhhhhhhh!!!!!!!!

Eu, aflita, a combater o nojo de pegar no peixe, o peixe a escorregar-me por entre os dedos e a estatelar-se de novo no chão do carro.

O crescido, estático, mãos no ar, Ahhhhhhhhhh!!!!!!!!

A voltar a pegar-lhe e a, literalmente, atirá-lo para dentro do garrafão. 1 cm de altura de água no garrafão e o outro peixe lá encolhido, num cantinho, a tentar respirar.

O crescido, estático, mãos no ar, Ahhhhhhhhhh!!!!!!!!

Dou voltas ao cérebro. Pensa, Sofia. Pensa, Sofia.

Tens água na mochila?   

Para a gritaria. Sim, tenho. Corro para a mala do carro. Não, afinal não tenho. Buáááááááááááá! Larga num pranto. Desistiu.

   

Berro-lhe, mesmo cá de dentro. Para de chorar, já!! É altura de pensar, não é de chorar! Para!  

Dou voltas ao cérebro. Pensa, Sofia. Pensa, Sofia.

Ao fundo reparo numa bomba de gasolina. Deixo o carro a trabalhar e a criança fora do carro, com metade do garrafão com terra e minhocas e plantas na mão.

Corri e salvei os peixes com água da mangueira da bomba de gasolina. Com a ajuda de um senhor.

            

Entrámos no carro. O miúdo branco, eu com o coração a mil. 

Lição de vida para o cachopo: em situação de crise, não se chora, não se desiste. Pensa-se e arranjam-se soluções.

       

E os peixes continuam vivos até hoje!

    

A mãe tem de aprender a relativizar

Ontem à noite, coisa única e rara, o crescido queixou-se. Amanhã não quero ir à escola... Por favor... Detesto aquela aula de HGP! Vá lá, mãe, não quero ir...

Conversei, relativizei, confortei. Ouvi e fiz ver que, perante todas as coisas boas que iam acontecer durante o dia, aquela aula de HGP era uma migalha.

   

Mas... como sou mariquinhas pé-de-salsa, a coisa ficou a moer-me. Seria mesmo pouca vontade de ter aquela aula? Seria outra coisa? Estaria desconfortável com alguma coisa? Com alguém? As cabeças das mães não param nunca...

À hora do almoço, mandei-lhe uma mensagem fofinha. Duas horas depois, outra. Uma hora depois tenho uma resposta.

    

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O que cabe num fim de semana?

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A festa de aniversário de uma amiga do crescido num ginásio. A festa de aniversário do afilhadão mais pequenito no Porto (sim, fomos e viemos, 600km em meia dúzia de horas, e valeu taaaanto a pena!). Os trabalhos de casa vezes dois filhos. Um jogo de futsal do crescido. Um jogo de futebol do mini. Uma sessão de estudo de matemática com o crescido no café do "estádio" onde o mini jogou. A festa de aniversário do sobrinho do coração, jantar incluído (yeahhhh).

       

Estamos derreadinhos. Mas tão contentinhos!

      

Fotografia em palavras

São duas da manhã, estamos os três - eu e os miúdos - a sorrir no espelho do elevador. 

     

Viemos do jantar de aniversário do Martim. Comida, conversas, gargalhadas, desabafos e exemplos de vida com uma família que vai sendo também um pouco nossa. Os miúdos conversaram, jogaram PlayStation e tablet, jogaram xadrez. Os mais novos já dormiam, o afilhado na cama, o mini no sofá da sala, enrolado numa manta que foi buscar quando sentiu o sono a chegar. Recebemos um convite de casamento inesperado. Estivemos com amigos-família e temos o coração cheio.

    

12 anos de sobrinho do coração. E às duas da manhã, estacionei o carro muito longe da porta de casa. Os dois filhos adormecidos e choviam gatos e cães. Acordei o crescido e pus-lhe um chapéu de chuva na mão. Saiu do carro e seguiu pelo passeio, vários passos dados no sentido contrário da porta do prédio, até se ter dado conta do erro e dado meia-volta. O mini pendurado em mim. Braços e pernas apertados à volta do meu corpo, que as minhas mãos estão ocupadas com malas, sacos e o chapéu de chuva. 

    

Estamos os três, às duas da manhã, a sorrir no espelho de elevador. Tantos andares para cima. Apanhámos o ar fresco da noite e uns pingos rebeldes na cara. Estamos cansados, mas acordados. Estamos felizes e rimos os três porque temos a sorte de ter estado com amigos-família. Temos o pai a trabalhar e a voltar dali a pouco, a cadela a passar o fim de semana nos avós, mas temos a fortuna de nos termos uns aos outros. E sorrimos. E como é tarde e estamos para lá de cansados, dizemos disparates. E como dizemos disparates, rimos no elevador e fazemos chiu porque são duas da manhã. 

    

E quando os meus olhos batem no espelho do elevador, levo a mão ao bolso para pegar no telemóvel e tirar uma fotografia. Porque são duas da manhã, mas temos energia para rir e para estarmos bem-dispostos. Só que percebo que a imagem que vai ficar gravada, apesar de sermos nós a sorrirmos, não vai traduzir de maneira nenhuma o nosso estado de espírito. O meu, na verdade, que sou eu que quero agarrar este momento.

   

Largo o telemóvel, inspiro fundo e tiro uma fotografia com os olhos e com o coração. Estas mil palavras valem mais do que uma simples imagem.

    

     

 

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