O mais crescido tem uma dificuldade imensa em tomar decisões. Normalmente, depois de se decidir por uma coisa, fica sempre a matutar sobre como seria se se decidisse pela outra opção.
Este fim de semana tinha marcada uma corrida em que se inscreveu e, entretanto, recebeu um convite para a festa de aniversário de um amigo com convite para dormir e tudo, que impossibilita a ida à corrida.
De manhã, dei-lhe a escolher: a corrida ou a festa do amigo. No fim do dia iria querer saber qual a decisão, para saber o que responder à mãe do amigo.
Agora ao fim da tarde, entrou no carro e anunciou:
Já tomei a minha decisão. Vou à festa!
Vais?
Sim! Fiz aquilo que me disseste, das listas de sins e nãos.
Das listas?
Sim. Pensei nas vantagens e desvantagens de ir à corrida. Havia duas vantagens e três desvantagens. E quando pensei na festa... vi três sins e nenhum não. Por isso quero ir à festa.
E como sei que este estado de graça de seguir os conselhos da mãe não dura para sempre... É melhor aproveitar agora.
A pergunta tem surgido algumas vezes nos últimos tempos.
[Na verdade, agora que penso nisso, é uma coisa de médicos. Quando o mais novo foi a uma consulta de rotina, quando o mais velho teve varicela e hoje, quando o mais novo foi a uma consulta de ligação (para a entrada no 1º ano) e mais uma vez a questão surgiu pela boca da médica.]
Respondem invariavelmente, quer um, quer outro "Nem por isso... O meu irmão está sempre a chatear-me!"
E eu sorrio porque é verdade... e não é.
É verdade que discutem muitas vezes. Que se picam e disputam e chateiam e zangam.
E porquê?
Porque não se largam.
Porque onde um está, está o outro. Brincam com os mesmos brinquedos, às mesmas brincadeiras, têm os mesmos interesses, brincam sempre no mesmo espaço - às vezes quase em cima um do outro, mesmo que haja espaço sem fim. E mesmo quando me canso se ouvir implicações entre eles e os mando cada um para seu lado, cinco minutos depois já estão juntos outra vez.
[E hoje, que fiquei com o mini o dia todo à custa daquela consulta de hora e meia mesmo a meio da manhã, ouvi perguntar muitas vezes "Quando é que o mano chega?"]
Dia de voltar ao estádio e encher a pança com 5 golos!
Antes do jogo, ao vê-los, no meio da confusão a caminhar animados em direção ao estádio, lembrava-me que a última vez que aqui estivemos foi há sensivelmente um ano, a assistir ao jogo em que o Benfica ganhou o campeonato.
Nesse dia, pouco depois do jogo ter acabado e enquanto esperávamos que a equipa voltasse ao relvado para receber a taça, por entre a comoção da festa, dos aplausos, dos gritos, e da alegria de quase 60 mil pessoas, o mini lembrou-se:
Ó mãe, nós estamos tão felizes porque o Benfica é campeão... mas e os da equipa que perdeu? Estão muito tristes?