A última vez que eu e o pai João fomos ver a marchas à Avenida tinha sido dois dias antes do filhote crescido nascer. Portanto, há quatro anos atrás.
Ontem levámos os miúdos pela primeira vez (as saudades que eu já tinha!) e acho que os próximos anos estão garantidos.
A alegria do mini com os bate-palmas, a música e as cores das roupas foi por demais evidente e o mais velho vibrou com a música e as coreografias. E claro, a emoção de ver uma marcha com o seu próprio nome!
Estava combinado que quando os pequenos se fartassem viríamos embora... mas acabámos por vir embora obrigados pela hora de fecho do metro. Apanhámos mesmo o último que passou (era uma da manhã) e que nos levou ao carro para virmos para casa.
Muito, muito, muito bom!
Imagem a não esquecer: pai com o mini-filho no enfiado no sling e, ao mesmo tempo, com o filhote crescido às cavalitas nos ombros.Todos esticados para ver a marcha.
Desde muito cedo que adora livros. Primeiro para ver, ouvir e apontar. Agora, além de ouvir, também conta as histórias que lá estão escritas e todas as que podiam estar também. Entretanto descobriu os legos com que faz construções mirabolantes e, a última paixão, os dinossauros.
Além dos livros, outra constante: os instrumentos musicais.
Toca-os separadamente ou em conjunto, inventa ritmos e melodias... ou faz apenas muito barulho.
A tia B. diz que um dia vai ser actor. Ele diz que quando for grande quer ser palhaço.
Enquanto o futuro não se decide (e é bem provável que venha a ser outra coisa qualquer) brinca aos espectáculos cá em casa. Faz palcos na sala (com os brinquedos em filas intermináveis a delimitar o espaço - coisa sempre muito complicada com o mano à solta) e faz inúmeros representações dos teatros, espectáculos e filmes a que assiste. Interage com o público (nós, que remédio), pede palmas e agradece.
A minha mãe, sem qualquer espécie de conotação pejorativa, diz que criamos os filhos como os ciganos: ao colo e à mama.
E tem razão. Os miúdos viveram os primeiros meses de vida atracados a nós, enfiados em panos e slings, sempre com uma maminha disponível para qualquer fome de barriga ou de coração.
Talvez por isso (ou não, pode ser mesmo genético) este filho mais velho tenha crescido assim.
É um doce, cheio de mimos, beijos e festinhas para dar e pronto a receber. Tem um coração do tamanho do mundo que se preocupa com quem lhe parece triste e que não o deixa sequer zangar-se com o irmão que lhe bate ou tira um brinquedo. Pode afastá-lo, mas a seguir vai a correr dar-lhe um beijinho. Ou senta-o no chão mas, se o mano chora zangado ou magoado, as lágrimas vêm-lhe aos olhos também.
É incrivelmente justo e valoriza a amizade de uma forma tão segura que às vezes fico de coração apertado a pensar nas tristezas que o futuro lhe pode trazer.
É generoso e genuinamente bom. Partilha tudo o que tem e não tem ponta de maldade.
Há uns meses fomos a um fast food e ele pediu para beber sumo (bebe sempre, sempre água). Eu respondi-lhe que não porque a água é que fazia bem. Ele, em tom arrastado já denunciador do cansaço, choramingou Maaaaaaasssss pooooooooorquêêêêêê???? O pai atirou-lhe em tom de gozo Porque somos muito maus!!! E a criança, cansada, com fome e com um sumo negado por uns pais tiranos, reclamou prontamente: Não são nada!!!!!!
Racionalizo e sei que muito pouco (ou nada) poderia ter evitado a convulsão. Leio que é uma condição mais natural do que o suposto e que, apesar da aparência, a convulsão em si não traz grande mal a ninguém.
Mas, talvez por ter passado ainda pouco tempo, a imagem, os flashes do momento não me saem da cabeça. Ando de termómetro em punho a cada meia-hora, despacho benurons e brufens ao menor sinal de febre e não lhe tiro os olhos de cima, nem para dormir. Especialmente para dormir.
Hoje o mais crescido quis vestir o fato de cavaleiro e passou parte da manhã a brincar aos cavaleiros com o cavalo de montar e a espada. O mano acompanhou, claro, mas só lhe servia o chapéu. Foi um pagode!
Dizer que o mini-filho teve uma convulsão febril ontem parece-me quase um eufemismo. A palavra não reflecte nem um décimo do terror que senti perante a imagem dele roxo, de olhos revirados e sem respirar.
Menos de dez minutos depois a ambulância do INEM estava à porta da nossa casa e ele pálido, muito, muito branco quase transparente, sem querer acordar. Eram 13.40h. Nas horas em que estivemos no hospital (o pai João foi lá ter depois de eu lhe ter telefonado em lágrimas, já da ambulância) foi visto, apalpado, picado, radiografado, analisado... Não tinha mais nada à excepção da febre.
A febre só deu tréguas por volta da meia-noite. Foi quando voltamos a casa.
Passou a noite relativamente tranquilo e a febre de hoje vai cedendo aos benurons.
Já eu perdi pelo menos 10 anos de vida e tenho garantidos uns milhares de cabelos brancos.
[Agora é só esperar que o menino com quem partilhámos a sala de observação no hospital não lhe tenha pegado a meningite viral que lhe foi diagnosticada ao fim do dia.]
O plano inicial era levá-los a um dos parques de Monsanto, mas o sol e o calor deixaram-me sem grande vontade para tal, mesmo tendo enfiado o protector solar na mala do carro logo de manhã.
Mudança de planos e... Oceanário!
Quase duas horas na companhia dos peixes (e do avô, que foi connosco).
Muita observação de peixinhos e ovos de peixinhos, muitas fotografias e os dois filhote loucos (ok, o pequenito o mais doido dos dois) com o tanque principal, com os pinguins, com a lontra...Muito bom, como sempre!
Depois fomos aos gelados (juntaram-se a nós o pai João e a avó) e, embora a surpresa do dia fosse o passeio no Oceanário, acho que o delírio com o gelado de chocolate coberto de smarties ultrapassou realmente as expectativas do mais crescido (who can blame him?).
Que este dia seja celebrado todos os dias.
Pelas crianças, pelos que ainda se lembram de serem crianças e pelos que respeitam e cuidam das crianças.
Um beijinho muito, muito grande (gigante mesmo) às minhas crianças. As melhores do meu mundo!