Na sexta recebeu um convite para, na segunda, ir almoçar a casa de um amigo da escola.
A primeira reacção foi de felicidade. Depois lembrou-se que ia sozinho com o amigo e a sua mãe, a uma casa que não conhecia, comer um almoço que não sabia o que era... e quase que fez birra para não ir.
Não era vital que fosse almoçar com o amiguinho, mas acho que temos de o ajudar a enfrentar estes medos do desconhecido, a ultrapassar a recusa em experimentar tudo o que não conheça ou que nunca tenha feito.
Por isso, depois de o ter tentado aliciar, sem resultado, com as brincadeiras que ia fazer com o amigo e os brinquedos dele, subornei-o com a possibilidade de haver batatas fritas (uma raridade para ele) e lá se deixou convencer a ir. Afinal o almoço era pizza (ele não gosta) e acabou por comer douradinhos.
O importante? Voltou feliz, fartou-se de brincar e ainda teve direito a "ver" o jogo (7-0) de Portugal em casa do amigo.
Ó mãe, eu posso ir à casa dele almoçar amanhã?
Mãe, diz à mãe do Manel que eu quero ir outra vez!
Ó mãe, mas porque é que eu não posso ir outra vez?
Amanhã vai ao cinema com o primo M. que o convidou para ir com ele e no fim de semana vamos, pela primeira vez, experimentar o Festival do Panda com os amigos do costume.
Tem as pernas tão cheias de nódoas negras que parecem encardidas. Pelo meio há ainda esfoladelas e arranhões, uns por cima dos outros, que lhe vão salpicando os joelhos e as suas redondezas.
Ano e meio de actividade intensa e de ideias peregrinas que vão tento resultados mais ou menos desastrosos.
É que nem consigo imaginar como será daqui a mais uns anos.
É melhor começar a poupar para os litros de betadine e os pensos rápidos.
E para os calmantes para mim... E para a tinta do cabelo que irá tapar os futuros brancos...
Viveu desde sempre uma paixão assolapada pela chucha e pelo ó ó.
Eu nem gosto muito de apressar estas coisas, mas um dia, aqui há uns meses atrás, enquanto lhe ouvia os planos sobre o que ia fazer aos 4 anos, atirei o barro à parede E vais deixar de usar a chucha e o ó ó, não é?
Sobrolho franzido.
O Martim já não usa. Nem o Tiago... Nem a Constança.
Foi-se mentalizando e o fim deste ciclo começou a ser anunciado por ele também.
Os quatro anos chegaram. No dia de aniversário, chegou a casa a dormir e a questão não se chegou a pôr.
No dia seguinte, quando chegámos a casa e foi dormir a sesta, correu a cama toda com os olhos à procura dos amigos.
Ó mãe, a minha chucha e o meu ó ó?
A chucha e o ó ó? Já não estão aqui. Já tens 4 anos, não?
Pois... Mas deitaste fora?
Não! Não deitei fora. Mas estão guardados porque já és crescido e já não precisas deles.
Subiu para a cama e deitou-se. Saí do quarto sempre à espera de ouvir um Mas eu queria... ou um romper de choro de desgosto.
Nada.
Adormeceu em três tempos e não voltou a falar neles.
Pior, uma destas noites exigiu ao pai (relutante pelas razões óbvias) que lhe lesse o livro À procura do ó ó perdido.
Etapa superada!
Eu ainda nem acredito bem que o meu filhote já não usa chucha nem ó ó.
Nem tão pouco consigo acreditar na sorte de me ter calhado este filho tão bom.
Muitos, muitos parabéns, filhote, por mais esta conquista!!
No sábado voltámos aos insufláveis (perante a alternativa de fazer o piquenique no parque ao sabor das rabanadas de vento) e o miúdo estava delirante.
(fotos tiradas pelo padrinho Q. e mãe à espera de todas as que foram tiradas pelos vários amigos)
Um novo bolo de dinossauros, muitos amigos e família.
Amiguinhos cada vez mais crescidos, mais amigos e mais divertidos.
Brinquedos novos para descobrir depois, com calma, em casa.
Uma tarde muito, muito feliz!
Muito obrigada aos que foram por terem tornado este dia tão especial!
(Bem, na verdade, houve ainda uma visita ao hospital antes de regressar a casa por causa de um pé torcido - que está óptimo. Não foi nada de especial, mas acho que o filhote está apostado em iniciar uma tradição.)
Acordou feliz ao som dos parabéns e andou num xitex o dia todo, entre as brincadeiras na escola, os presentes, o bolo de dinossauros, a ida à praia e o jantar em casa dos avós.
Pelo meio atendeu TODOS os telefonemas de parabéns de amigos e família e convidou toda a gente para a festa de sábado, sem esquecer o sítio e a hora da festa.
Hoje vai haver festa na escola, bolo de chocolate com dinossauros para partilhar com os amigos e, se o tempo ajudar, vamos passar o fim do dia à praia.
Muitos, muitos parabéns, filhote!
4 anos inteirinhos de amor.
Continuo a não ter palavras suficientes que ilustrem com justiça o amor infinito que sentimos por ti.
Às vezes, quando falo dele a outras pessoas chamo-lhe o meu enfant terrible.
Não é. Não é mesmo, nós que estávamos habituados a outra calmaria.
O mini-filho é um vivaço. Um verdadeiro entusiasta da máxima: aprender fazendo.
Experimenta tudo, tenta tudo, imita tudo. Sempre com o maior à vontade e com a convicção de que vai ser capaz.
Antes do banho, encosta-se à sanita exactamente como o irmão para fazer xixi (mas é só fingido). Durante o banho esfrega a cabeça e o corpo sozinho e no fim lava os dentes. Sozinho.Tenta vestir-se e despedir-se (embora não consiga) e está convencido que faz desenhos tão lindos e perfeitos como os do mano.No quintal dá cabo da cabeça ao pai João porque acha que também pode usar enxadas, martelos e picaretas e, na sua opinião, qualquer pontinha de verde é uma erva daninha pronta a ser arrancada. No fundo, é esta vontade de fazer e experimentar que dá origem à média de vinte disparates por minuto.
Adora ouvir histórias e nas últimas semanas tem andado sempre de livro em punho à procura de alguém que lhe conte uma história. Fora os livros, é fã de bolas. Anda sempre com uma nos pés, a correr casa fora, ou então com uma raquete que vai acertando em balões ou bolas de ténis. Assim que sonha que pode ir para a rua encosta-se à porta com uma bola nas mãos. Se a porta se abrir, sai a correr mesmo que esteja descalço. Está um verdadeiro rapazolas.
Cresce-nos à frente dos olhos mas continua a enroscar-se no colo como sempre fez ou a encostar a cabeça ao meu ombro para se aninhar (com a diferença que agora reclama se há cabelos meus por perto). Continua a passar os dedos nas nossas mãos e braços enquanto adormece e nunca deu outros beijos que não fossem os verdadeiros e repenicados.
Ano e meio de mini-filhote mais bom!
Que continue a crescer sempre assim, dono do mundo e com esta vontade de se superar sempre.
Eporquéque... é uma expressão que já me dá arrepios.
Porquéque o chão é duro? Porquéque caiu um (me)teorito? Porquéque dentro dos vulcões há lava muito quente? É que sabes, eu pensei aqui no meu cérebro e...
Este ano foi o da verdadeira descoberta do mundo e da percepção de que há muitas coisas que não compreende. Entretanto acho que se decidiu terminantemente a aprender tudo. E rápido.
Às vezes acho que a culpa também é nossa. A última vez que estivemos no Oceanário, no Dia da Criança, tive de respirar fundo e fechar bem a minha boca porque já nem eu me podia ouvir: Olha tão giro, ovos de tubarão! São iguais aos que comemos? E porque será? Olha, mas este ovos não são todos iguais, pois não? De quem será que são? Onde será que estão os pais? Achas que falta muito para saírem dos ovos? De que tamanho serão? Olha estes peixes todos em fila! Vão todos, todos para o mesmo lado! E estão sempre a passar... Será que não acabam? Onde será que vão? E de onde vêm? E porque não voltam para trás?
Que chata!! Mas o rapaz vai respondendo a tudo, numa mistura de lógica e imaginação, e não se cansa das conversas. Pior, paga-nos na mesma moeda.
Quando lhe perguntamos onde gostava de ir, a resposta tanto pode ser ir ao parque infantil ou à praia, como ver uma explosição ou ir a um museu.
Porquéque quando é sol aqui, é noite no outro lado do mundo?
Esta noite, a última dos seus 3 anos, em vez da habitual bedtime story, o pai deitou-se com ele com uma bola e uma lanterna e andaram a brincar aos planetas.