Lindo, charmoso e sabedor do beicinho mais lindo do mundo quando quer pedir alguma coisa. Os olhos acompanham a boca e a cara toda transforma-se enquanto pede vááá láááá... com a maior lata deste mundo. Já fui levada assim, não muitas, mas algumas vezes.
Aprende a papaguear tudo o que lhe ensinamos e começa agora a revelar um raciocínio que ainda não lhe conhecíamos. É claro que também é expert em aprender palavras e expressões giras que às vezes usamos sem pensar à frente dele, mas que não são para serem usadas por ele...
Ao rubro anda ainda a imaginação. Vive intensamente as músicas e as histórias que ouve cá em casa e na escola e revive os vários momentos (conta, finge que é uma das personagens...) várias vezes por dia. Canta, dança, faz as vozes e os gestos correspondentes e pede palmas e agradece no fim da representação. A tia B.Linda diz que o sobrinho vai ser actor...
É extremamente mimoso e preocupado com o mano. Sempre que chega a casa pergunta por ele, se lhe perguntam se podem levar o mano responde que não, que é nosso. Dá-lhe beijos e mimos até mais não e, se ele chora, assusta-se e pede-nos logo para lhe pegarmos ao colo. Se o mano insiste em chorar exige que lhe façamos festinhas.
Mas ele sente a invasão. A perda da exclusividade.
O mano tanto tempo ao meu colo, tantas vezes pendurado na minha mama. As tarefas quase todas feitas com o pai, que eu estou ora ocupada, ora a guinchar com dores nas costas; as rotinas totalmente alteradas; as horas passadas em casa dos avós; o entra e sai de visitas que vêm ver o menino, ai que fofinho e tão pequenino...
Já o viu deitado comigo na nossa cama e já ouviu várias vezes o espera só um bocadinho que agora tenho as mãos ocupadas.
Por isso desafia e provoca sempre que pode e, se o ignoramos, chama para mostrar o disparate com o ar mais safado que consegue arranjar. Fala alto, muito alto e, no meio das conversas com as visitas, grita e berra por mim só para me mostrar ou dizer qualquer coisa sem importância. E chora... Um choro sentido e que lhe sai à mínima contrariedade ou reprimenda.
E eu espero apenas ter a inspiração e sapiência para saber gerir a partilha.
É que a mim também me dói. Porque imagino a dor dele. Porque eu, que sou adulta e tenho outro filho tão lindo e tão fofo e tão amado, também sinto falta dele...
Das brincadeiras e conversas a dois, das 500 histórias lidas de seguida e das horas perdidas de volta dos jogos e dos puzzles. Do tempo em exclusivo e dedicado só a ele.
Mais do que falta de tempo, tem-me faltado a vontade.
Há momentos que, de tão maravilhosos e sensacionais, se escondem na nossa memória e no nosso coração até arranjarmos as palavras certas para os descrever. Para os explicar.
E mesmo agora, não consigo entrar em grandes pormenores. Os detalhes vivem dentro de mim e vou recordando cada um deles a meu bel-prazer.
Em traços gerais, parece-me tudo muito mais fácil do que da primeira vez. Mesmo com a atenção exigida pelo filhote grande.
O trabalho de parto foi rapidíssimo (5 horas e meia contra as 26 horas da primeira gravidez) e a fase da expulsão foi ainda mais rápida.
A amamentação está a correr às mil maravilhas e até os sonos da noite têm sido pacíficos. A lombalgia não permite que me levante e deite as vezes que seriam necessárias por isso o filhote tem dormido connosco. Daqui a uns meses posso ter outra ideia, mas neste momento acho perfeito. Dormimos todos praticamente ininterruptamente.
Eu lembrava-me que era bom ter um recém-nascido nos braços. Mas já não fazia ideia do quão bom realmente é!
O cheiro, os barulhinhos que faz, o calor daquele corpo pequenino e o ar consolado quando pega na mama. O toque, as boquinhas e caretas, as mãos que nunca param...
Quem o conhece sabe: o filhão (o mais velho) não gosta de confusões.
Será, portanto fácil de me imaginar a dar a notícia do nascimento do R. às pessoas que acompanharam a gravidez da mãe Sofia e estas a desatarem a dar os parabéns e....
...bom, com toda a animação, boa disposição, com sinceridade, amizade e alegria dizerem (geralmente alto e bom som)
"- Boa V, chegou o mano";
"Gostas do mano?";
"O que vais fazer ao mano?" e
"Como é o mano? É bonito como tu?".
Ele ri, envergonhado, esconde-se nas minhas pernas e, se estiver ao colo, esconde-se no meu pescoço (com cabeçada e tudo). Super atrapalhado e incomodado com tanta emoção...
Já mencionei o facto de ele não gostar de grandes conversas e confusões, não já?
Ele, obviamente, ainda não percebe o que aí vem, não percebe a normalidade destas reacções (e nós estamos super gratos por elas acontecerem) mas por tudo isto e por manter o sorriso e a boa disposição, especialmente por não armar birras e choros por não ver a Mãe em condições há dois dias, só posso sentir um grande orgulho em ter um filho tão valente.
Pensamento 1: "Tá louca! Hoje é domingo, preparo-me para quê?"
Pensamento 2: (2 milésimos de segundo depois) "Hoje é dia de natação do V, mas não é só às 10?"
Pensamento 3: "AAAAAAAHHH...... Preparo-me para o filhote que vai nascer..."
É bom acordar ao lado da mãe Sofia, mas às vezes a emoção é demasiada!
Preparámos tudo, filhote acabado de acordar com a azáfama, últimos pormenores da mala da Mãe, combinações com os avós, estratégias para isto e para aquilo, não me perguntem quais eram que já me esqueci...
Viajámos para a maternidade e parámos em casa dos pais da Sofia para deixar o V (mais descansado e, ainda, centrando em si todas as atenções...)
Depois de chegar e de passar pelas salas e situações da praxe o R, às 14:08, fez POP! Tal como eu previa! Simples!
A Mãe Sofia portou-se de forma exemplar e trouxe o R cá para fora com toda a força e coragem que lhe conhecemos.
Depois de elogios redobrados da parteira, do recobro e depois de serem examinados, pudemos estar os dois a desfrutar, outra vez, das primeiras horas de vida de um filho.
Mais ainda, pelas 18horas o V chegou e pudémos estar todos juntos e cá fora ao mesmo tempo! E que bom foi ver as reacções doces do mano mais velho!
O R tem 3, 290Kg, era igual ao V assim que nasceu, com 6 horas de vida já tinha mamado 3 vezes (acho que o V lhe deu umas dicas), é morenaço, o cabelo (escuro) faz uma crista e mexe as mãos como se não houvesse amanhã...
Mais, ainda não consigo descrever, só posso acrescentar que é lindo! E mais não digo!