... procurei as dele e dei-lhas juntamente com um bloco.
Assim trabalhávamos os dois.
Mas sempre que o tentava ajudar escrever, porque a ele não lhe saía risco nenhum uma vez que punha a caneta demasiado de lado em relação à folha, irritava-se.
Por mais que eu lhe dissesse A mamã ajuda, a mamã ajuda e por mais que lhe ajeitasse a caneta na mão, a birra por eu estar a pegar na caneta dele era tal que desisti.
A folha acabou quase vazia, à excepção dos desenhos feitos por mim e das pintas azuis que fez a bater com a caneta no papel.
Há umas semanas atrás, já a bisavó lhe tinha chamado marreta quando ele recusou terminantemente ajuda do bisavô para guiar como deve ser um brinquedo de empurrar.
Pergunta de algibeira (não se deixem enganar, que é irónica):
Como não me preocupar-me com este deixa-me em paz que eu é que sei fazer mesmo que não esteja a sair nada do que eu quero, já aos 16 meses?
Ouvia atentamente histórias, cantigas e lengalengas, e gostava de ouvir. Mostrava tão bem este gosto por ouvir, que desde cedo percebi que ainda ia demorar muito tempo a falar.
Até há umas semanas fui a Máááá. O pai João foi o Pááá. E mais nada saía da boca do filhote.
Até há umas semanas.
De repente, começou a imitar os animais todos. TODOS! O leão, o cão, o elefante, o macaco, a vaca, o pato, o cavalo... Todos com gestos e alguns estalinhos de língua.
No Domingo, estiveram cá em casa uns amigos e o filhote estreou-se no miau. Uma proeza, para quem estranha tanto as pessoas e para quem não dizia som nenhum deste género.
Nas últimas duas semana o pulo foi ainda maior.
Eu passei a ser a Mãããiii e o pai João o Páááiiii.
Pede para fazer xixi (o que normalmente significa que acabou de o fazer), chama a Gigi (a Ginja), pede o que quer com um quééé, pergunta o que é com um conjunto de sons parecidos a um "que é isto?". O sim e o não também já fazem parte do vocabulário.
Para não falar, é claro, da surpresa desta semana.
Adoro sair da creche com ele pela mão, em amena converseta, com o filhote a responder, nos sons dele, às minhas perguntas sobre o dia com os amigos, num timing perfeito de pergunta-resposta.
Está a descobrir as palavras. As palavras dele.
E o que eu estou desejosa de descobrir, através delas, o que se passa na cabeça do filhote.
Chegámos a casa já perto da hora do banho, muito depois do que é normal. Vinha transpirado e, depois de beber um biberão cheio de água pede para fazer xixi.
Em passo apressado (apesar da maior parte das vezes em que avisa é porque já fez) levo-o para a casa de banho e, à falta de melhor, que nestas coisas de bacios tem de haver sempre um entretem, escolho um dos livros do banho.
Entre a lengalenga do livro e as cantorias sobre algumas imagens, vai mostrando que se quer levantar. Como ainda não tinha feito nada, volto a tentar sentá-lo quando o oiço dizer:
Mabanho.
O quê, filhote? Senta lá outra vez e faz lá o teu xixi.
E como a ignorante sou eu, que preciso de gestos e tudo para o entender, o filhote levanta a t-shirt e esfrega a barriga.
Queres tomar banho? Eu, de olhos esbugalhados e incrédula.
Sorriso estampado na cara do filhote, que me vai acenando que sim e dirigindo-se para a banheira.
Provavelmente a pensar Até que enfim que alguém me percebeu!
Já o tem desde Setembro, com o nome bordado no bolso e tudo. Mas tem estado guardado na creche porque tem feito muito calor e as salas são muito quentes.
... em que a cantoria e as danças são tantas ou tão poucas, em que as brincadeiras e as leituras de livros mais parecem um programa de discos pedidos... que sinto me sinto claramente a viver dentro de um musical.
Só falta mesmo a banda sonora a acompanhar e, já agora, meia dúzia de bailarinos a acompanhar!
No início da semana trouxe com ele um hematoma na cabeça, perto da fonte. Nos seus desvarios na hora do recreio, ele que não gosta nada das cócegas que a relva faz nos pés, teve um contacto mais directo com o cimento do chão.
Hoje foi a vez do queixo. No cimento, outra vez.
Que todos os acidentes sejam estes... Mas custa tanto sabê-lo magoado e sem mim para o consolar...
... é chegar à 5ª-feira com a revista Visão da 5ª anterior ainda por ler e ter metade do balcão da cozinha ocupado pela Pais&Filhos enquanto faço o jantar.
Mas em contrapartida li setecentas e trinta e duas vezes os 3 Porquinhos, quatrocentas e vinte e nove vezes o livro dos Teletubbies e novecentas e quarenta e oito vezes cada um dos Dicionários por Imagens dos Bebés.
E a paixão dele pelos livros é tão grande, que ando seriamente a pensar em renovar a biblioteca dele. A bem da minha saúde mental!!