Mudamos-lhe a roupa (tem ido directamente da cama para o carro, de pijama e tudo, para aproveitar o tempo da viagem para dormir mais um bocadinho) e damos-lhe o pequeno-almoço.
Atravessamos o corredor enquanto falamos com as tartarugas, as vaquinhas e os ursinhos, dobramos a esquina, batemos à porta e...
... o filhote, ainda a roer uma bolacha, salta alegremente para o colo da auxiliar e fica a dizer-nos adeus impávido e sereno.
E hoje, perante um filhote que ficou tranquilo e sorridente ao colo de outra pessoa a ver-nos ir embora, virei as costas depois da beijoquice do costume e saiu-me um irónico Afinal, parece-me que assim também não gosto muito...
É óbvio que estou a brincar, fico felicíssima por saber que fica muito bem entregue e que gosta de lá estar.
E como já é um profissional destas artes e não um estreante qualquer, a entrevista e o ar da sua graça foram dados em directo!
O pai João lá respondeu às perguntas, enquanto ele, ocupadíssimo a subir e descer colchões e escorregas, curtiu a sua aulinha do costume completamente alheado à azáfama à sua volta.
O que estavas a fazer no ano passado? A curtir ao máximo os últimos dias da licença de maternidade, descansava quando podia, brincava com o filhote, passeava imenso com ele...
Andava entre a vontade e excitação de voltar a trabalhar com um 1º ano e os pesadelos durante a noite sobre a ida do filhote para a creche.
5 snacks de que eu gosto:
Chocolate
Bolachas Chocolate Bolachas Chocolate
(tudo muito saudável, muito pouco calórico e nada repetitivo, claro)
5 músicas cujas letras conheço de cor: What a wonderful world - Louis Armstrong
Sometimes you can't make on your own - U2
Englishman in New York - Sting
November Rain - Guns N Roses
E uma colectânea infindável de músicas infantis!
5 coisas que faria se fosse milionária: Parece irreal, mas quando me imagino a ganhar o Euromilhões, a primeira coisa que faço é calcular quanto é que poderia distribuir pela família e pelos amigos que precisam tanto quanto eu. À parte disso:
Ia passear
Iniciava uma empresa minha
Pagava a minha casa
Trocava de carro e acrescentava mais um à minha frota
Já disse que ia passear?
5 coisas que gosto de fazer: Brincar com o filhote
Estar entre amigos
Ler
Perder-me na internet
Dormir
5 coisas que nunca voltaria a vestir/calçar: Acho que as modas e os gostos vão variando tanto e vão sendo tão cíclicos, que para mim é um capítulo nunca-digas-nunca.
5 brinquedos de que eu gosto: A minha almofada
O meu computador Livros, acompanhados com horas-bónus para me dedicar a eles A máquina fotográfica e os consequentes albuns
Há umas semanas um blog que costumo visitar perguntava O que vos faria realmente felizes?
E isto deu-me que pensar durante uns tempos.
Ter a minha casa paga, ter outro(s) filho(s), ter um horário (ainda) mais fexível para estar (ainda) mais tempo com o filhote e com o pai João, sobrar-me mais dinheiro ao fim do mês, gastar mais horas a namorar, poder viajar mais vezes, poder usar as horas que passo a limpar a minha casa noutra actividade mais prazenteira, trocar o carro por um mais espaçoso....
Andei às voltas com todas estas possibilidades, com todos estes desejos, sem nunca me decidir qual deles me faria realmente feliz. Tentei estabelecer prioridades, definir o que seria mais importante ou mais grandioso, decidir pelo que poderia ser mais difícil de alcançar.
E por muito que pensasse, por muita lógica, raciocínio ou coração que empregasse, acabava por chegar sempre à mesma conclusão.
A verdade é que com qualquer um destes desejos realizados, eu seria mais feliz.
Mas feliz, verdadeiramentefeliz... eu já sou.
Tenho o pai João ao meu lado, tenho o melhor filho do universo inteiro, vivo na casa que sempre quis, adoptei a cadela mais tonta e meiga de todo o mundo, conto com uma família fantástica e sei bem quem são os meus amigos.
Sou saudável, faço o que gosto e tenho todos os meses o que me é devido na conta bancária.
Acho que para ser realmente feliz, não preciso de mais nada!
Enquanto relato todas as peripécias por que já passei por causa de uma parvoíce relacionada com o IMI da casa nova, o filhote está ao meu colo a roer uma bolacha.
A senhora, depois de me ouvir, traz uns papéis para eu preencher. Sento o filhote no balcão (entretido a comer a bolacha) e a senhora resolve meter-se com ele.
Eu lá vou preenchendo o nome, o número de contribuinte, a morada (duas vezes em dois espaços distintos não vá haver confusão) e o filhote, de repente, lembra-se e se eu agora mamasse um bocadinho?
Pede-me, aponta, geme... e eu lá lhe vou dizendo que espere, que agora não pode ser, que já dou. Vou tentando entretê-lo com uma bolacha, o biberão da água, um brinquedo, a chucha... mas nada. Para variar, que o filhote é de ideias fixas, continua a insistir na maminha.
Eu, com os papéis preenchidos até metade, quero é despachar-me, quero é que ele vá aprendendo a expressão espera só um bocadinho que eu já dou, vou continuando a acalmá-lo e a adiar-lhe o pedido.
Farto de tanta espera (nem um minuto passou desde o início da cena) desata a chorar e a guinchar. Eu, a tentar sossegá-lo e ao mesmo tempo ouvir o que me dita a senhora das finanças (sim, também estou a escrever) ele ao meu colo a atirar-se para trás e a guinchar cada vez mais alto, com lágrimas a escorrerem-lhe cara abaixo.
Pelo canto do olho vejo toda a gente a olhar para nós. A repartição inteira!!
Ignoro-os e continuo a falar-lhe baixinho, a explicar-lhe que agora não pode ser, que espere um bocadinho. Que a mamã já vai dar maminha quando chegarmos ao carro...
Ele, muito vermelho e de queixo a tremer, chora e esperneia...
A senhora lá nos despacha muito depressa e vai perguntando por que é que ele está assim. Explico-lhe o porquê, despeço-me com um até à próxima (certa de que ainda lá hei-de voltar por causa do mesmo assunto) e quando saio, com toda a gente de olhos postos em nós, oiço a senhora que nos atendeu a explicar em voz alta, para toda a gente ficar a saber, a razão de tamanho pranto.
Assim que ponho o pé na rua a birra dissipa-se como que por artes mágicas e quando chego ao carro, com ele já bem-disposto, dou-lhe então o que ele queria, mas do qual já nem se lembrava.
Estreou-se portanto nas birras em público.
E eu, que durante toda a vida vaticinei umas boas palmadas na primeira birra para prevenir as restantes, ignorei-lhe os berros, mantive a calma e a voz doce sem ceder à birra e nunca tal ideia me passou pela cabeça.
A julgar pelas noites mais ou menos calmas que tem dado, pelo apetite que vai mostrando ter e pela falta de febre ou outra maleita qualquer, ninguém diria que tem os quatro caninos a romper ao mesmo tempo.
Os quatro! Exactamente do mesmo tamanho!
Fica assim com 12 dentes. Mais de metade da dentição de leite, faltando apenas os molares.
E eu só espero (mesmo, mesmo) que ele não fique doente...
Ao fim de uma semana de aulas, estou em casa com febre, com a garganta e os ouvidos em fogo...
Hoje, com o pai João a trabalhar e o filhote na creche (que não conseguia mesmo tomar conta dele neste estado) dormi até quase à 1 da tarde... e mais não digo...
Que esta doença, mesmo dolorosa e deixando-me completamente zonza, está a saber-me bem... precisava mesmo de descansar.
... há dias em que é a mim que me apetece embalá-lo e ficar a senti-lo nos meus braços. Mimá-lo e ficar a contemplar este filho que de repente me parece tão crescido.
Hoje, depois de um ontem em que fomos buscar o filhote a casa dos avós às 8h da noite, já jantado e de banho tomado, só me apetecia ter ficado o dia todo com ele.
Hoje, quando me chamou uns minutos depois de o ter deitado na caminha, não me fiz rogada. Esqueci o jantar, a lida da casa, a preparação das aulas de amanhã... e sentei-me a saboreá-lo enquanto ele adormecia entre festas e beijinhos.