Expressões de filhote
A linguagem evolui a uma velocidade vertiginosa e é impossível lembrar tudo o que diz, quanto mais registar todas as pérolas deliciosas que lhe ouvimos.
O não, inda não quando lhe perguntamos se já acabou de fazer alguma coisa; o góste ti sinceros e os graxistas, sinónimo de por-favor-não-me-obrigues-a-comer-mais-sopa.
O mãaaaaeeeee! Acordei!! logo pela manhãzinha ou, às vezes, meia hora depois de o ter deitado e ter ficado o tempo todo a conversar e a cantar sozinho. O vê-los? em tom de pergunta quando quer ir ver algo; o tás a fazele? quando estamos ocupados, o biiiincá? que se segue porque quer atenção e que brinquemos com ele.
O este não quando o programa de televisão não lhe interessa; o pensá... dito com ar pensativo e a mão no queixo; o ouviste? e o lembas-te? de quando está a contar uma situação qualquer passada uns dias (às vezes semanas ou meses) antes; o pingou-se sempre que está a comer sozinho e cai um pingo na mesa; e o tou tiste dito normalmente antes de se deitar no chão com a cara escondida por entre os braços.
O ó pa listo (com origens no "olha para isto") mostrando as mãos pintadas das canetas ou das tintas dos carimbos e o oooooh filho! dito exactamente no mesmo tom que eu quando não avisa com a devida antecedência que precisa de ir à casa -de-banho.
Há as expressões que me deixam doida como o deixa-me! ou o tira a mão! que já lhe valeram alguns castigos, mas que nos últimos dias têm andado mais controlados.
O umbilical é meu!, próprio da idade eu sei, mas que tanto nos desagrada e o a mãe disse que... ou o pai disse que... em tom queixoso de ouve-só-o-que-ele-me-disse-e-dá-me-lá-razão.
Depois ouvimos o póxo? pedido com cara de anjo e os constantes obigado, avô (se faz favor), con xenxa e os (des)culpa e achamos que afinal às vezes preocupamo-nos sem grande razão.
A cadela foi rebaptizada com um Gingjinha coração (vulgo, Ginjinha do meu coração) e adoro ouvi-lo enumerar amigos e a família toda com o grau de parentesco e o nome respectivo.
E é ouvi-lo a contar histórias que lhe lemos ou filmes (de desenhos animados) que vê, descrever coisas que se passaram connosco ou que viu... com frases de muitas palavras. Tudo muito bem explicado (e às vezes um pouco aldrabado).