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pai João e mãe Sofia

pai João e mãe Sofia

A 1ª birra em público

Quinta-feira - 15.30h - Finanças
  
Enquanto relato todas as peripécias por que já passei por causa de uma parvoíce relacionada com o IMI da casa nova, o filhote está ao meu colo a roer uma bolacha.
  
A senhora, depois de me ouvir, traz uns papéis para eu preencher. Sento o filhote no balcão (entretido a comer a bolacha) e a senhora resolve meter-se com ele.
   
Eu lá vou preenchendo o nome, o número de contribuinte, a morada (duas vezes em dois espaços distintos não vá haver confusão) e o filhote, de repente, lembra-se e se eu agora mamasse um bocadinho?
      
Pede-me, aponta, geme... e eu lá lhe vou dizendo que espere, que agora não pode ser, que já dou. Vou tentando entretê-lo com uma bolacha, o biberão da água, um brinquedo, a chucha... mas nada. Para variar, que o filhote é de ideias fixas, continua a insistir na maminha.
 
Eu, com os papéis preenchidos até metade, quero é despachar-me, quero é que ele vá aprendendo a expressão espera só um bocadinho que eu já dou, vou continuando a acalmá-lo e a adiar-lhe o pedido.
   
Farto de tanta espera (nem um minuto passou desde o início da cena) desata a chorar e a guinchar. Eu, a tentar sossegá-lo e ao mesmo tempo ouvir o que me dita a senhora das finanças (sim, também estou a escrever) ele ao meu colo a atirar-se para trás e a guinchar cada vez mais alto, com lágrimas a escorrerem-lhe cara abaixo.
    
Pelo canto do olho vejo toda a gente a olhar para nós. A repartição inteira!!
Ignoro-os e continuo a falar-lhe baixinho, a explicar-lhe que agora não pode ser, que espere um bocadinho. Que a mamã já vai dar maminha quando chegarmos ao carro...
Ele, muito vermelho e de queixo a tremer, chora e esperneia...
  
A senhora lá nos despacha muito depressa e vai perguntando por que é que ele está assim. Explico-lhe o porquê, despeço-me com um até à próxima (certa de que ainda lá hei-de voltar por causa do mesmo assunto) e quando saio, com toda a gente de olhos postos em nós, oiço a senhora que nos atendeu a explicar em voz alta, para toda a gente ficar a saber, a razão de tamanho pranto.
     
Assim que ponho o pé na rua a birra dissipa-se como que por artes mágicas e quando chego ao carro, com ele já bem-disposto, dou-lhe então o que ele queria, mas do qual já nem se lembrava.
    
Estreou-se portanto nas birras em público.
 
E eu, que durante toda a vida vaticinei umas boas palmadas na primeira birra para prevenir as restantes, ignorei-lhe os berros, mantive a calma e a voz doce sem ceder à birra e nunca tal ideia me passou pela cabeça.
      

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